A inteligência artificial tem sido uma ferramenta útil em diferentes áreas, pelo rigor e eficiência na recolha e análise de dados. Porém, curiosamente, a última fronteira da investigação cientifica no setor é o aspeto da inteligência emocional, que poderá contribuir para a progressiva “humanização” da tecnologia, já que graças ao desenvolvimento da capacidade de interpretar emoções, da mesma forma que analisa outros dados, a mesma será capaz de produzir respostas mais adequadas e empáticas.
Esta é uma vertente da IA que já é aplicada na prestação de cuidados de saúde, recrutamento, educação e no atendimento ao cliente, estando em constante evolução e desenvolvimento. Pois bem, é certo que quão mais humana se tornar a IA na sua interação, mais eficiente e fundamental ela se tornará no nosso quotidiano, nas diferentes áreas que abordaremos de seguida.
Otimização da prestação de bens e serviços com recurso à IA
De facto, a IA tem permitido, por exemplo, a agilização dos serviços públicos, por meio do recurso a assistentes virtuais e chatbots, disponíveis em permanência para responder às questões mais simples dos utilizadores. Deste modo, facilita-se o acesso a respostas e libertam-se os serviços para resolver questões mais complexas. Os serviços tornam-se, assim, mais eficiente e cómodos para os utilizadores.
Na saúde, o recurso à IA tem facilitado o diagnóstico e a terapêutica. De facto, a análise sistemática de dados tem contribuído para a deteção precoce de problemas, a investigação científica e a utilização de ferramentas de grande precisão, capazes de realizar, por exemplo, cirurgias robóticas, que poderão ter um impacto importante na prestação de serviços de saúde. De facto, a multiplicação de recurso cirúrgicos em que a utilização destas ferramentas se pode traduzir permite ambicionar que sejam administrados cuidados a mais doentes, mais rapidamente.
Em plataformas de e-commerce, como Amazon, Temu ou Shein, a IA permite a análise das nossas preferências e histórico de compras, possibilitando a sugestão de produtos que, à partida, serão do nosso interesse. Esta funcionalidade torna as compras ainda mais simples.
Por outro lado, a funcionalidade Circle to Search, baseada em IA, permite circular, sublinhar ou tocar num determinado elemento de uma foto para saber mais sobre ele, diretamente na página onde o estamos a ver, sem termos de abrir o motor de busca. Esta ferramenta permite descobrir de forma automática a loja onde podemos encontrar esse produto que chamou a nossa atenção, o que é bastante prático.
Outra área quotidiana em que a IA é uma ferramenta extremamente interessante é a da comunicação. Com efeito, com as funcionalidades de tradução simultânea e de intérprete disponíveis em muitos smartphones, é possível traduzir uma chamada de voz ou mensagens de texto de forma automática, o que pode ser muito útil numa viagem ou noutro tipo de contexto socioprofissional em que tenhamos de comunicar num idioma que desconhecemos.
A IA no entretenimento
No entretenimento, as plataformas de streaming como Netflix, Prime ou Disney+ usam a IA para analisar o nosso histórico de utilização e propor-nos conteúdos que sabem serem do nosso interesse, seja por género, ator ou realizador. Esta funcionalidade permite, assim, que descubramos novos conteúdos que serão relevantes de acordo com o nosso perfil ou que revejamos títulos que visualizámos previamente.
A mesma lógica foi aplicada em plataformas de música e podcasts como Spotify ou Amazon Music, que, com base nos conteúdos que vamos escutando, propõem outros semelhantes, permitindo que ouçamos títulos da nossa preferência durante horas infinitas.
No gaming, os gigantes tecnológicos usam a IA como ferramenta para criar conteúdos, otimizar o atendimento dos clientes, moderar chats e, ainda, aumentar a resolução dos gráficos, transformando imagens de baixa resolução noutras de alta qualidade. Assim, o espaço necessário para armazenar jogos pode ser reduzido. Neste setor, existem também fornecedores que já usam a tecnologia para desenvolver NPCs, capazes de interagir com os jogadores, o que, de certa forma, humaniza as personagens, tornando o gaming mais interativo e estimulante para os jogadores.
Para o setor do iGaming, alternativa aos casinos tradicionais, aspetos como conforto de utilização, diversidade e personalização de conteúdos são essenciais, sendo os mesmos decisivos para a opção dos utilizadores por jogos online, em detrimento do modelo tradicional de jogos de casino em salas físicas.
Nesta medida, o setor desenvolveu plataformas especializadas, especialmente orientadas para o utilizador, que, para além de disponibilizarem uma diversidade de jogos de casino, com conteúdos dedicados a blackjack, slots e roleta, integram a IA de forma a assegurar apoio ao cliente em permanência (por meio do recurso a chatbots) e a sugerir títulos com base no histórico de jogos, o que garante uma experiência mais personalizada e à medida de cada utilizador do que qualquer sala física.
Atualmente, esperamos que a IA seja rigorosa e analise dados com exatidão; da mesma forma, esperamos igualmente que seja agradável e até afetuosa nas interações que temos com ela, analisando as nossas expressões e comportamentos para nos dar respostas humanizadas, em áreas em que a cortesia e gentileza são mais importantes, como a prestação de cuidados de saúde e o apoio ao cliente. As expectativas são altas, mas até agora a IA tem cumprido nas diferentes áreas em que tem sido aplicada, o que só nos tem tornado mais exigentes.
