O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, é muito mais do que uma data no calendário, é uma jornada de homenagem, luta e celebração que atravessa os séculos e ecoa as vozes de milhões de mulheres ao redor do mundo.
Este dia nasceu de uma história de coragem, de reivindicação e de uma vontade inquebrantável de transformação social. Se hoje o celebramos com diferentes tons, seja de alegria, reflexão ou até de protesto, o que verdadeiramente importa é recordar que ele carrega uma carga histórica que não deve ser esquecida.

A origem do Dia Internacional da Mulher remonta ao início do século XX, numa época onde o mundo estava a ser moldado por intensas transformações sociais e políticas.
O direito ao voto, melhores condições de trabalho e a busca pela igualdade eram causas que reuniam mulheres de todos os cantos do mundo, e foi nesse contexto que, em 1908, um grupo de trabalhadoras têxteis em Nova Iorque entrou em greve, exigindo melhores condições laborais.
O cenário era de luta e reivindicação, mas também de uma fé inabalável em que a mudança era possível.

No entanto, foi a partir de 1910 que o Dia Internacional da Mulher realmente encontrou a sua forma mais sólida, graças à proposta de Clara Zetkin, uma ativista e feminista alemã.
Durante a Segunda Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, Clara sugeriu que as mulheres de todo o mundo se unissem para reivindicar os seus direitos, criando uma data simbólica de protesto e união.
A ideia foi aceite de imediato, e foi assim que, em 1911, mulheres na Europa começaram a celebrar este dia com manifestações, comícios e petições, desafiando as normas da época e mostrando ao mundo que a voz feminina não seria mais silenciada.
Foi apenas em 1977 que a ONU oficializou a data, reconhecendo o 8 de março como um dia de luta pela igualdade de género e pelos direitos das mulheres em todo o mundo.
A partir desse momento, a celebração foi crescendo, e hoje é um evento global, marcado não apenas por palavras, mas também por ações que visam transformar a realidade das mulheres em todas as esferas da sociedade.
Atualmente, o Dia Internacional da Mulher é um farol que ilumina as conquistas e as vitórias das mulheres, mas também um lembrete constante das batalhas ainda por travar.

Este dia não é apenas sobre flores ou presentes, mas sobre reconhecer e refletir sobre o impacto profundo que as mulheres têm na sociedade.
É um momento para celebrar as mães, as filhas, as irmãs, as profissionais, as guerreiras, as artistas, as cientistas, as ativistas… todas as mulheres que, de alguma forma, contribuem para o mundo com a sua força, sua inteligência e sua resiliência.
Em muitas partes do mundo, o 8 de março é marcado por manifestações e protestos. As mulheres saem às ruas para exigir mais igualdade no mercado de trabalho, o fim da violência doméstica, a paridade política, a equidade salarial, entre outras questões.
Este é um dia de dar voz às invisíveis, de destacar as mulheres que ainda não têm espaço, que ainda não são ouvidas. Porque, apesar dos avanços, as desigualdades persistem. E o 8 de março não é apenas uma data de celebração, mas de ação.
Nos últimos anos, é impossível ignorar o impacto do marketing e das campanhas comerciais que acompanham esta data. O 8 de março tornou-se uma oportunidade para muitas marcas se posicionarem, lançarem campanhas que exaltam as mulheres e até criarem produtos “especialmente para elas”.
A ideia de celebrar o Dia da Mulher com um presente ou uma oferta foi, por vezes, apropriada pelo mercado, o que gerou, de forma legítima, uma crítica: será que o comércio não está a distorcer o verdadeiro espírito da data?
É importante que, ao refletirmos sobre o 8 de março, não nos esqueçamos de que a celebração não deve ser apenas superficial.

Os gestos de carinho e reconhecimento são importantes, mas o que realmente importa é que, por detrás de qualquer ação, exista o compromisso genuíno de fazer da luta por igualdade de género uma causa diária.
O 8 de março não deve ser reduzido ao consumismo, mas sim ser um ponto de partida para refletir sobre o papel das mulheres na sociedade e para exigir que as desigualdades sejam erradicadas de uma vez por todas.
O verdadeiro espírito do Dia Internacional da Mulher reside na ideia de que o Dia da Mulher é todos os dias.
Este não deve ser apenas um dia pontual, mas sim um compromisso contínuo com a construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
Cada conquista alcançada, cada passo dado na luta pela igualdade, deve ser celebrado. Mas também deve ser visto como um lembrete constante de que a batalha não terminou.
Em muitos países, as mulheres ainda enfrentam enormes desafios, seja em termos de direitos laborais, acesso à saúde, educação ou representação política.
Por isso, quando dizemos que o Dia da Mulher é todos os dias, queremos dizer que, todos os dias, é necessário trabalhar para garantir que todas as mulheres, independentemente de onde estejam, possam viver num mundo onde a violência, o preconceito e a desigualdade não existam.
O 8 de março deve ser o espelho de uma sociedade que está em constante evolução, mas que nunca perde de vista a urgência das questões que ainda precisam de ser resolvidas.
O Dia Internacional da Mulher não é apenas uma celebração das vitórias já conquistadas, mas também um apelo para continuar a trabalhar por um futuro em que todas as mulheres, de todas as idades, raças e origens, tenham as mesmas oportunidades e direitos.
Em resumo, o 8 de março é uma data para celebrar o imenso valor das mulheres e reconhecer as suas conquistas ao longo da história.
Contudo, é também um momento crucial para renovar o compromisso contínuo com a luta pela igualdade de género.
O 8 de março não deve ser apenas um dia de celebração, mas um lembrete de que a luta por justiça, respeito e oportunidades iguais deve ocorrer todos os dias.
Que cada jornada diária reflita os ideais do Dia da Mulher e que nunca percamos de vista a verdadeira essência da sua luta: a construção de um mundo mais justo, mais amoroso e mais igualitário para todos.
E mais não digo…