A tensão entre a Câmara Municipal de Águeda e a Associação Empresarial de Águeda AEA) subiu de tom esta quinta-feira, depois de declarações contundentes do vice-presidente da autarquia, Edson Santos, no final da reunião do executivo. O motivo? Uma carta aberta enviada pela Associação Empresarial de Águeda (AEA/ACOAG), na qual são apontados vários constrangimentos causados pelo AgitÁgueda.
O documento, remetido à Câmara Municipal e também enviado à Comunicação Social – ao qual o Notícias de Águeda teve acesso –, expõe as preocupações dos empresários locais, sobretudo relacionadas com os impactos operacionais e logísticos do certame. A associação alega que receberam “um número crescente de manifestações de preocupação” dos associados devido a dificuldades provocadas pela realização do evento.
Principais críticas da AEA/ACOAG
Na carta, datada de 14 de julho e assinada pelo presidente da AEA, Comendador Ricardo Abrantes, destacam-se três problemas principais:
- Interrupções frequentes e prolongadas no fornecimento de energia elétrica, afetando as atividades comerciais e industriais;
- Falta de estacionamento, o que dificulta o acesso de clientes, fornecedores e colaboradores aos estabelecimentos locais;
- Ruído elevado e persistente durante a noite, quer pela programação musical, quer pela circulação de pessoas nas imediações, afetando o descanso dos residentes e o bem-estar dos profissionais.
A associação indicam ainda, segundo informações recolhidas junto de associados, que os problemas elétricos poderão resultar da ligação entre a rede pública e os geradores utilizados no evento, o que, alegadamente, afetará a estabilidade da rede.
Edson Santos responde e defende o AgitÁgueda
Em resposta, Edson Santos rejeitou qualquer relação entre o festival e as falhas de energia, esclarecendo que o corte ocorrido teve origem numa intervenção técnica da E-Redes no mercado municipal. “Nada teve a ver com o certame”, garantiu.
O vice-presidente da Câmara mostrou-se indignado com a posição das associações. “Isso nem vale a pena comentar. É algo que não faz sentido”, afirmou. “Agora percebo porque é que a AEA e a ACOAG acabaram com a Festa do Leitão. Não queriam nem barulho, nem gente na terra, não queriam nada, não queriam pessoas a visitar Águeda.”
Edson Santos questionou ainda o contributo das associações empresariais para o dinamismo do comércio local. “Não entendo, vindo de quem vem, tendo a responsabilidade de apoiar o comércio tradicional, vir contra um evento que mais promove o comércio tradicional. Gostava de saber o que seria do comércio sem o AgitÁgueda e sem o Águeda É Natal. Era com os eventos da AEA e da ACOAG?”
Festa do Leitão também cancelada
Esta polémica surge depois de a Festa do Leitão 2025 ter sido oficialmente cancelada, pelo segundo ano consecutivo. Miguel Coelho, secretário-geral da AEA, explicou ao Notícias de Águeda que “não se conseguiu reunir os apoios necessários”, acrescentando que a festa “só se voltará a realizar quando for economicamente sustentável”.
O evento, um dos principais marcos gastronómicos e turísticos do concelho, permanece assim suspenso, o que agrava as críticas e o clima de desconfiança entre as entidades.
Na carta, a AEA/ACOAG reconhecem o valor turístico e cultural do AgitÁgueda, mas defendem a necessidade de garantir equilíbrio entre a realização de grandes eventos e a manutenção dos serviços públicos e da atividade económica regular.