Os trabalhadores da loja Mercadona de Águeda realizaram esta segunda-feira, 21 de julho, uma ação de protesto público à porta do supermercado, denunciando o que consideram ser um “ataque diário aos direitos laborais”, com especial incidência sobre as mães trabalhadoras. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) e decorreu no âmbito de um plenário entre as 11h00 e as 14h00.
Segundo as declarações da representante sindical Bruna Rodrigues, a situação mais grave prende-se com as funcionárias que solicitaram horário flexível para poderem acompanhar os filhos menores, um direito consagrado na lei portuguesa. “O Mercadona não só não respeitou esse direito, como ainda contestou os pareceres favoráveis da CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego), ameaçando levar as trabalhadoras a tribunal”, revelou.
Além da recusa do horário flexível, as trabalhadoras afirmam estar a ser alvo de represálias, como a suspensão das avaliações anuais que permitem a progressão salarial e o acesso a prémios de desempenho. “Ao pedirmos o horário flexível, ficámos sem direito a avaliações e prémios, o que é uma forma de pressão para desistirmos do nosso direito”, explicou Bruna Rodrigues.
Pressão Diária e Ambiente de Medo
Durante o protesto, os trabalhadores relataram um clima de intimidação permanente, com ameaças de processos disciplinares caso não cumpram os ritmos de trabalho impostos. “Somos ameaçados com atas e processos disciplinares se não atingirmos os objetivos, e muitas vezes inventam motivos para essas penalizações”, denunciou a representante sindical.
Segundo o sindicato, esta prática cria um ambiente de medo que tem levado alguns funcionários a despedirem-se por exaustão ou desmotivação. “Conhecemos vários casos de trabalhadores que se despediram por não aguentarem a pressão diária”, acrescentou.

Outras Reclamações
Os problemas não se limitam às questões do horário flexível. O CESP aponta também:
- Proibição dos trabalhadores estacionarem no parque da empresa, obrigando-os a deixar os veículos fora das instalações.
- Saídas sistemáticas após o horário de trabalho sem qualquer pagamento de horas extraordinárias.
- Não aceitação das auto-declarações de doença como justificação de falta, mesmo com atestado médico.
A sindicalista Cláudia Pereira, também presente no protesto, referiu que “o Mercadona impõe o pagamento dos subsídios de férias e de Natal em duodécimos nos contratos de trabalho, sem dar alternativa ao trabalhador”, sublinhando que esta prática, embora legal, não pode ser uma imposição unilateral.
Contacto com a Administração
Segundo o sindicato, não tem havido abertura por parte da administração da Mercadona para dialogar sobre estas situações. “Temos feito reuniões regulares com a empresa, mas não há resolução de nenhum problema concreto que levamos”, lamentou Cláudia Pereira.
A TVC tentou obter uma reação oficial da Mercadona, mas até ao momento não foi possível obter qualquer comentário.
Apelo à Solidariedade
O CESP apela à solidariedade dos clientes e da comunidade, incentivando-os a escreverem no livro de reclamações da loja, a manifestarem-se nas redes sociais ou a enviarem e-mails para a empresa exigindo o respeito pelos direitos dos trabalhadores.