O Ministério Público de Águeda arquivou, em maio deste ano, uma denúncia de alegados maus-tratos que envolvia o menino de 12 anos que, na penúltima segunda-feira, fugiu de casa em Nariz, no concelho de Aveiro, onde residia desde o início de setembro. O caso volta agora a ser investigado, depois de o menor ter sido encontrado descalço, em Aradas, a cerca de 12 quilómetros de casa.
A denúncia inicial tinha sido apresentada em outubro de 2024 e relatava agressões físicas diárias por parte da mãe e do padrasto, bem como a obrigação imposta ao menor de cuidar dos dois irmãos mais novos, sob ameaça. A queixa deu origem a um inquérito conduzido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Águeda, que recolheu informação junto da escola e do centro de saúde frequentados pelo rapaz.
Os relatórios não revelaram indícios de suspeita: na escola, os professores descreviam um aluno com comportamento considerado normal e uma mãe atenta ao percurso escolar; no centro de saúde, não havia registos de lesões ou suspeitas de agressões. Também a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Águeda acompanhava o caso, tendo aplicado uma medida de apoio junto dos pais.
Perante este conjunto de informações, a procuradora responsável determinou o arquivamento do processo em maio de 2025.
No entanto, a fuga recente do menino reacendeu a preocupação. O jovem foi localizado em Aradas, já em situação de desgaste físico, mas sem sinais visíveis de ferimentos. Foi transportado para o hospital, onde permanece internado para avaliação clínica e psicológica, enquanto se aguardam decisões sobre o seu futuro.
Com os novos acontecimentos, o Ministério Público reabriu a investigação, procurando apurar se existem elementos adicionais que justifiquem medidas de proteção mais robustas. O caso poderá levar a uma redefinição da guarda do menor, tendo em conta o princípio do interesse superior da criança.