Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu Manuel Alegre com uma distinção de grande significado no final da sessão de apresentação do livro ‘Memórias Minhas’, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. O Presidente da República declarou, arriscando-se a ser novamente heterodoxo, que iria condecorar Manuel Alegre com a Grã-Cruz da Ordem de Camões, honraria que entregou de imediato.
A reação de Manuel Alegre não poderia ser outra senão de profundo agradecimento. Em suas palavras, expressou o valor singular que atribui a essa distinção, referindo que, dentre todas as condecorações que recebeu, esta tocou-lhe particularmente fundo, dada a sua veneração por Camões e a constante presença do poeta em sua vida e em sua obra.
A entrega da distinção aconteceu diante de uma plateia repleta, que incluía figuras proeminentes como o antigo chefe de Estado António Ramalho Eanes e o anterior primeiro-ministro António Costa. Marcelo Rebelo de Sousa, ao subir ao palco, destacou não apenas a obra literária e política de Manuel Alegre, mas também sua coragem inabalável, tanto no contexto da ditadura como na democracia.
O Presidente da República ressaltou que essa coragem, tanto política quanto física, é uma qualidade rara, que distingue Manuel Alegre não apenas como um militante, poeta e intelectual, mas como alguém que enfrentou desafios com uma determinação incomum. A referência ao papel de Manuel Alegre no preâmbulo da Constituição de 1976 e sua ligação íntima com Camões reforçam a relevância histórica e cultural dessa homenagem.
Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de enfatizar que, apesar de não ter sido um dos mais resistentes durante a ditadura, testemunhou o impacto da voz de Manuel Alegre, que se tornou um símbolo de resistência e luta pela liberdade. A atribuição da Grã-Cruz da Ordem de Camões foi, assim, um reconhecimento não apenas da obra e do legado de Manuel Alegre, mas também do seu papel fundamental na história contemporânea de Portugal.
Após o evento, o Presidente da República optou por não responder a perguntas dos jornalistas, limitando-se a mencionar que ainda não havia tido a oportunidade de analisar o Programa de Estabilidade entregue pelo Governo.