Festa do Leitão 2025 volta a ser cancelada apesar do apoio reforçado da Câmara de Águeda

A Festa do Leitão não se realizará em 2025, pelo segundo ano consecutivo, apesar da disponibilidade expressa da Câmara Municipal de Águeda para financiar praticamente toda a componente cultural do evento, considerada a mais dispendiosa da organização.

Durante a reunião do Executivo Municipal realizada esta quinta-feira, o presidente Jorge Almeida revelou que a autarquia estava preparada para assumir “o maior apoio de sempre”, cobrindo a quase totalidade dos custos associados ao programa cultural. Apenas uma pequena parte dos encargos – relacionados com a logística e organização – ficaria a cargo da Associação Empresarial de Águeda (AEA) e da Associação Comercial de Águeda (ACOAG), num valor que o autarca classificou como “relativamente reduzido”.

“Seria o maior peso da organização, e a Câmara estava disponível para o suportar. O que faltava era mínimo”, sublinhou Jorge Almeida, manifestando estranheza face à decisão da organização em cancelar, novamente, a realização da festa.

O vice-presidente da Câmara (Edson Santos) deu ainda conta de uma reunião realizada com todos os assadores do concelho de Águeda, os quais manifestaram disponibilidade para contribuir com um valor superior ao das edições anteriores, com o objetivo de garantir a concretização do evento. “Os assadores estavam dispostos a contribuir mais. Existia vontade, existia o apoio da Câmara. Faltou apenas o compromisso de quem organiza”, lamentou.

Outro ponto que motivou críticas do presidente foi a forma como a autarquia foi informada da decisão. A comunicação foi feita por e-mail, enviado em simultâneo à Câmara, aos órgãos de comunicação social e aos sócios da AEA/ACOAG, sem qualquer contacto prévio ou tentativa de diálogo com o executivo.

“Todos têm o meu telefone, o meu e-mail. Estou sempre disponível para tratar de todos os assuntos. Para mim, isto foi apenas uma prova de vida da associação”, afirmou Jorge Almeida.

O vereador do CDS-PP, Antero Almeida, considerou que o gesto da associação foi uma forma de transparência, classificando o envio do e-mail como “uma carta aberta”. Jorge Almeida discordou da leitura, referindo que “não se tratou de nenhuma carta aberta, mas de um e-mail comum”.

No decorrer da reunião, Antero Almeida questionou se a proposta da Câmara se baseava no modelo da última edição do evento, que envolveu, segundo o vice-presidente Edson Santos, um apoio de cerca de 140 mil euros por parte do Município. Jorge Almeida confirmou que o Município nunca arrecadou qualquer receita da Festa do Leitão, atuando sempre como parceiro institucional e financeiro.

Edson Santos foi mais direto, afirmando que a AEA e a ACOAG pretendiam que a autarquia assumisse todos os encargos do evento. “O que a AEA/ACOAG queriam era que a Câmara pagasse a totalidade da Festa do Leitão sem haver qualquer investimento deles. E isso não é aceitável”, declarou.

Jorge Almeida reforçou essa ideia, concluindo que “não se compreende como é que uma associação que representa o tecido económico do concelho não esteja disponível para assumir qualquer valor para a organização de um evento com esta importância”.

A Festa do Leitão de Águeda é um dos eventos com maior notoriedade no concelho, juntando gastronomia, cultura e dinamização económica, e o seu cancelamento volta a gerar críticas e perplexidade, num momento em que Águeda lidera o crescimento turístico da região, segundo um estudo da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro.

0