A Pateira de Fermentelos, considerada a maior lagoa natural da Península Ibérica e um dos principais ex-libris do concelho de Águeda, recebeu esta terça-feira uma nova ceifeira aquática, equipamento de grande dimensão que promete reforçar de forma decisiva o combate às plantas invasoras, sobretudo ao jacinto-de-água, espécie que, ao longo dos anos, tem colocado em risco o equilíbrio ecológico deste ecossistema.
Um equipamento único em Portugal
A máquina, modelo Conver MC 106, fabricada nos Países Baixos pela Conver (grupo Alamo) e entregue em Portugal pela Cabena Lda, é atualmente o maior modelo da série, preparado para rios e grandes lagos. Com 16,65 metros de comprimento, 4,75 metros de largura e 4,22 metros de altura, possui uma capacidade de carga de 6.500 kg (18 m³), assegurando corte, recolha, transporte e descarga automática das infestantes aquáticas. Trata-se de um exemplar único em território nacional e um dos maiores da Europa.
Desde 2007, a limpeza da Pateira vinha sendo assegurada por uma ceifeira de origem canadiana, entretanto com 18 anos de utilização e sinais de desgaste, que será recuperada para continuar em funções em zonas mais pequenas, como o Rio Águeda e a área de Lamas.
Declarações dos autarcas
O presidente da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida, realçou que este é “um dia feliz para a Pateira”, salientando que o investimento foi possível graças ao recurso a fundos nacionais e europeus. O edil anunciou ainda que “nos próximos dias será lançado o concurso para o desassoreamento da Pateira, uma obra há muito reivindicada e que agora se tornará realidade”.
Já o presidente da Junta de Freguesia de Fermentelos, Carlos Lemos, classificou a chegada da nova ceifeira como “um dia histórico para a freguesia e para todo o território da Pateira”, destacando que o equipamento permitirá ganhos ambientais e turísticos de grande relevância.
O presidente da União de Freguesias de Travassô e Óis da Ribeira, Sérgio Neves, explicou que a máquina ficará ancorada em Óis da Ribeira, onde estão a ser adquiridos terrenos para a construção de um novo ancoradouro e de um espaço destinado ao depósito dos jacintos recolhidos. O investimento, avaliado em cerca de 700 mil euros, permitirá ainda melhorar as condições de acesso e estacionamento junto à lagoa. “Não basta dizer que é preciso tirar jacintos, é preciso agir. Hoje damos mais um passo concreto para minimizar este problema que, infelizmente, não se resolverá de forma imediata”, afirmou.
Um património natural e cultural
A Pateira de Fermentelos estende-se por uma área aproximada de 5 km², abrangendo os concelhos de Águeda, Aveiro e Oliveira do Bairro. É alimentada pelo rio Cértima e por diversas ribeiras, assumindo-se como um verdadeiro santuário de biodiversidade.
Nas suas margens e nas águas pouco profundas encontram-se diversas espécies de flora aquática, aves migratórias e residentes, anfíbios, répteis e peixes. A presença de espécies como o pato-real, a garça-branca, o sável e a lampreia-de-rio testemunham a importância ecológica da lagoa. Ao mesmo tempo, a proliferação de jacintos-de-água, registada sobretudo nas últimas décadas, tem provocado sérios constrangimentos, desde a redução da oxigenação da água ao bloqueio da circulação e à alteração do habitat natural.
Para além da sua importância ambiental, a Pateira é um espaço cultural e turístico com forte ligação à identidade das comunidades locais. As suas margens acolhem zonas de lazer, percursos pedonais, observatórios de aves e são palco de atividades desportivas como a canoagem, a vela, a pesca desportiva e eventos de valorização cultural.












Um futuro mais sustentável
A chegada da nova ceifeira e o futuro desassoreamento representam uma aposta na sustentabilidade ambiental da Pateira, conciliando a preservação do ecossistema com a dinamização turística e económica da região.
“Olhar para a Pateira é olhar para uma joia ambiental”, resumiu Jorge Almeida, reforçando que o município de Águeda continuará a investir em ações concretas de preservação deste espaço natural.