O Centro de Artes de Águeda apresenta “Era uma vez uma linha de fronteira…”, uma criação que coloca em cena o tema dos trânsitos migratórios, inspirada pelas dinâmicas contemporâneas e pela memória histórica de quem partiu em busca de sobrevivência.
A proposta questiona o significado de migrar, as razões que levam milhões de pessoas a atravessar fronteiras e as consequências humanas desse movimento. A sinopse sublinha que, na maioria das vezes, “partir ocorre pelas circunstâncias que se impõem, mais do que por escolhas deliberadas”.
Numa evocação ao passado português, a obra recorda que, há apenas três quartos de século, cruzar fronteiras foi para muitos a diferença entre viver e sobreviver.
O espetáculo inspira-se também na imagem simbólica da mala de Walter Benjamin, pensador judeu-alemão que, em fuga ao regime nazi, morreu na fronteira entre França e Espanha. “Ninguém sabe o que a mala continha, nem a razão de nunca a ter abandonado”, recorda o texto de apresentação, convocando este mistério como metáfora daquilo que cada migrante transporta consigo — memórias, afetos e identidade.
Com esta criação, a arte volta a ser espaço de reflexão e de interrogação sobre os fenómenos migratórios que marcam a atualidade, cruzando passado e presente numa narrativa sensível e universal.