A polémica em torno do jogo de Sub-17 entre o Recreio Desportivo de Águeda e o Sporting Clube de Espinho, disputado no domingo e que terminou empatado 2-2, ganhou um novo capítulo esta terça-feira, após o delegado do SC Espinho, ter prestado a sua versão dos acontecimentos, negando qualquer agressão e alegando ter sido vítima de insultos.

Em declarações ao Notícias de Águeda, o dirigente começou por descrever o momento em que, já depois do apito final, tentou evitar que a troca de palavras entre jogadores escalasse para violência:
“O jogo tinha acabado, fui cumprimentar os árbitros e um dos nossos miúdos começou a mandar umas bocas ao adversário, nada de grave. O jogador do Águeda veio na direção dele e eu coloquei-me à frente, pus as mãos no peito e disse-lhe para seguir para os colegas. Foi aí que ele me respondeu: ‘Tire-me as mãos que não estou habituado que os cães metam as mãos’. Eu limitei-me a dizer que tinha idade para ser o pai dele e que não devia falar assim”, contou.
Segundo o delegado espinhense, o jovem jogador do Águeda avançou então na sua direção, tentando agredi-lo, e acabou por derrubar o árbitro que estava por perto:
“Ele veio para cima de mim e, ao tentar desviar-me, o árbitro foi abalroado e caiu. O próprio árbitro disse à GNR e aos diretores dos dois clubes que não ia apresentar queixa porque não tinha sido agredido, apenas tropeçado”, garantiu.
Dirigente diz ter recebido desculpas do RD Águeda
O responsável do SC Espinho afirma que, após o incidente, o ambiente ficou tenso e foi necessária a presença da GNR para que as equipas abandonassem o recinto em segurança.
“Chamaram a GNR e só saímos quando chegaram. Os diretores do Águeda vieram ter comigo e pediram desculpa, disseram que tive uma atitude exemplar por não ter reagido. O treinador deles também se retratou”, assegura.
Agressões alegadas no intervalo
O dirigente do SC Espinho revelou ainda que já ao intervalo tinham ocorrido episódios de hostilidade por parte de jogadores do RD Águeda:
“O árbitro confirmou-me que ouviu confusão à porta dos balneários. Um dos nossos jogadores foi agarrado pelo pescoço e cuspido. Disse-me que ouviu, mas não conseguiu identificar quem foi.”
Reincidência contestada
O delegado do SC Espinho refutou também as acusações de reincidência em comportamentos agressivos, recordando que a sua anterior suspensão de 10 dias se deveu apenas a uma troca de palavras entre adultos:
“Foi um desentendimento com um treinador, não com jogadores. Nunca tive problemas com miúdos e joguei futebol durante 15 anos. Toda a gente sabe que sempre fui respeitador.”
Relatório do árbitro continua por divulgar
O relatório da equipa de arbitragem, que poderá esclarecer se foi ou não registada uma agressão formal, ainda não foi divulgado pela Associação de Futebol de Aveiro.
O caso deverá seguir para o Conselho de Disciplina, que analisará as versões apresentadas pelos dois clubes e pelas autoridades.
Enquanto se aguardam as conclusões oficiais, o episódio continua a gerar debate sobre o papel dos adultos no futebol juvenil. Entre acusações e versões contraditórias, uma certeza permanece: o fair play voltou a ser o grande ausente em mais um jogo de formação.

