IA Generativa: Uma Ferramenta para Igualar Oportunidades

    Muito se tem falado da Inteligência Artificial como uma tecnologia disruptora. De facto, mais de dois anos e meio após o lançamento público do ChatGPT, o tema continua em destaque, sendo o foco de várias conferências de tecnologia pelo país e mantendo perspectivas de relevância. Enquanto isso, Governos e agências europeias avaliam como lidar com as mudanças sociais que essa tecnologia traz.

    O acesso a essas tecnologias está amplamente democratizado, embora possa parecer confuso dadas as várias opções disponíveis no mercado. Todas as grandes empresas que fornecem serviços de IA Generativa oferecem versões de acesso gratuito, ainda que limitadas em quantidade. Assim, as barreiras de acesso são mínimas, exceto a necessidade de conectividade à internet e familiaridade com a tecnologia. Entre as principais ferramentas, destacam-se o pioneiro ChatGPT, o Claude da Anthropic, o Gemini do Google e o Grok, criado por Elon Musk. As diferenças entre esses concorrentes são frequentemente analisadas em artigos, especialmente quando uma nova versão é lançada. Embora as capacidades variem ligeiramente entre modelos, qualquer uma delas é geralmente capaz de responder a uma solicitação, comumente chamada de prompt, de forma tecnicamente competente.

    De facto, o acesso à multitude de tecnologias de IA generativa está a uma pesquisa no Google de distância. Tal como nas pesquisas do Google, essas ferramentas são fáceis de aprender, mas o uso de palavras-chave corretas é determinante para obter resultados mais focados e detalhados. Pedir à IA “explica como se calcula a hipotenusa de um triângulo” é simples, mas a resposta pode ser genérica ou técnica demais, nem sempre adequada a todos os casos. Imaginemos um pai que quer ajudar os filhos a estudar para um teste de matemática. Ele pode pedir à IA algo como “explica como usar a fórmula resolvente para resolver o problema (…) e escreve de forma adequada a um aluno do 9º ano que está com dificuldades em entender”. Como o pedido inclui o contexto do problema e o tom direcionado a um aluno do 9º ano, o conteúdo gerado é mais adequado e compreensível. Em casos mais avançados, o aluno pode usar a IA para descrever temas complexos das áreas de Matemática, Física, Química, entre outras, de forma detalhada. Se encontrar dificuldades, pode pedir uma explicação mais simples de um passo intermédio. É importante salientar que o foco deve ser pedir explicações, e não soluções prontas, para que o aluno entenda a matéria em vez de decorá-la. Além disso, as escolas devem promover o uso ético da IA, incutindo os alunos a valorizar a aprendizagem. Como as IAs conseguem interpretar e gerar imagens, uma simples fotografia de um problema num caderno é suficiente para fornecer contexto à resposta. Isto, claro, também significa que a IA pode resolver problemas de exames a partir de uma foto, o que reforça a necessidade de os professores controlarem o acesso a telemóveis durante os exames.

    A IA é extremamente útil em ambiente académico, pois democratiza o acesso à informação para todos os alunos que saibam utilizá-la, mas é ainda mais valiosa no mercado de trabalho, onde os tempos livres de estudante já não existem e somos constantemente pressionados a entregar resultados em tempo útil. Tarefas repetitivas, como escrever e-mails, relatórios, traduzir documentos ou analisar dados, podem ser simplificadas com um conjunto de instruções predefinidas, transformando horas de trabalho repetitivo em minutos. Isso não significa que a IA deva assumir o trabalho criativo; as ideias principais devem sempre partir da mente humana. A IA deve ser vista como uma ferramenta que nos auxilia, em vez de nos substituir. Nesse sentido, a nossa criatividade ao elaborar o prompt determina o resultado final e a presença do nosso toque pessoal nesse resultado. Além de reduzir tarefas repetitivas, o acesso a uma quantidade imensa de informação permite que um leigo adquira conhecimento para enfrentar novos desafios profissionais sem o investimento monetário ou de tempo que outrora seria necessário. Assim, a IA atua como um equilibrador e de oportunidades de crescimento no mercado de trabalho, embora seu impacto dependa de como é acessada e utilizada pelos trabalhadores.

Ricardo Fernandes (HFA)

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