Começou esta segunda-feira, no Tribunal de Aveiro, o julgamento de um homem residente em Águeda, acusado de três crimes de furto, três de burla informática e um de detenção de arma proibida. No mesmo processo respondem ainda dois alegados cúmplices – uma sobrinha do principal arguido e o ex-companheiro desta, ambos do concelho de Aveiro –, acusados de burla informática.
O caso, que remonta a 2020, envolve o furto de cartões de débito em zonas rurais de Cantanhede. Segundo a investigação da GNR, o dinheiro retirado das contas das vítimas foi usado em levantamentos em caixas multibanco e na compra de cartões “Paysafecard”, que permitem efetuar pagamentos online sem recurso a conta bancária. Estes vouchers estavam associados a contas criadas pelo casal de cúmplices.
De acordo com a acusação, grande parte do dinheiro foi canalizada para plataformas de jogo online e também utilizada em casinos de Espinho e Figueira da Foz.
Durante a primeira sessão, os dois homens optaram por não prestar declarações. A arguida, que já tinha antecedentes por furto de cartões multibanco, admitiu apenas ter criado contas numa plataforma de jogo a pedido do tio, afirmando que lhe entregou as credenciais por este alegar estar impedido de o fazer devido a “problemas com as finanças”.
Um militar da GNR, ouvido como testemunha, revelou que as contas da arguida movimentaram 268 mil euros entre 2017 e setembro de 2021, enquanto o ex-companheiro tinha cerca de 240 vouchers associados à sua conta. Parte dos cartões terá sido comprada com contas bancárias da mãe da arguida e de uma das vítimas.
O principal arguido possui um longo cadastro criminal, incluindo envolvimento em furtos de veículos e de cheques. É ainda pai de um homem condenado a 25 anos de prisão, que liderava a partir de Águeda uma rede internacional de pedofilia, tendo sido condenado por abuso sexual de crianças e pornografia de menores.
O julgamento prossegue nas próximas semanas no Tribunal de Aveiro.

