Está feita a reviravolta no polémico caso que abalou o futebol de formação. O jogo de Sub-17 entre o Recreio Desportivo de Águeda e o Sporting Clube de Espinho, disputado no passado domingo, terminou em confusão generalizada e deu origem a um turbilhão de acusações — mas já é conhecido o relatório do árbitro, e o documento muda tudo.
O relatório oficial do juiz Joel Sousa, a que o nosso jornal teve acesso, confirma a versão apresentada pelo delegado espinhense Daniel Carvalho e aponta o jogador do RD Águeda como o autor das agressões. No documento, o árbitro descreve que o atleta aguedense foi expulso “por ter agredido de forma consecutiva, com vários murros, o delegado do SC Espinho B”, continuando a atacá-lo mesmo depois da expulsão. O relatório acrescenta ainda que, no momento em que o árbitro tentava separar ambos, “acabou por ser atingido com o joelho e caiu ao chão”, o que provocou a confusão captada em vídeo.
“Não agredi ninguém! Apenas tentei evitar que a situação escalasse. O jogador do Águeda veio na direção do meu e limitei-me a afastá-lo, dizendo que o jogo já tinha acabado. Quando me chamou ‘cão’, respondi que tinha idade para ser meu filho e que devia respeitar as pessoas”, relatou Daniel Carvalho, visivelmente indignado.
O dirigente nega qualquer ato de violência e garante que o próprio árbitro reconheceu no local que não fora agredido. “O árbitro disse à GNR e aos diretores dos dois clubes que não ia apresentar queixa porque não tinha sido agredido, apenas abalroado. Disse também que viu tudo e que eu não toquei em ninguém.”, reforça.
Daniel Carvalho lamenta o rumo que o episódio tomou. “Os próprios dirigentes do Águeda vieram pedir desculpa e admitiram que a minha atitude foi exemplar. Em toda a minha carreira só fui expulso uma vez. Nunca levantei a mão a ninguém.”
A GNR foi chamada ao local depois de o Espinho ter alegado “falta de condições de segurança”, tendo identificado o jogador agressor. O Conselho de Disciplina da Associação de Futebol de Aveiro deverá agora decidir as sanções disciplinares a aplicar.
Com o relatório do árbitro agora tornado público, cai por terra a suspeita de que o delegado espinhense tivesse agredido alguém. O que parecia um caso de violência de um adulto contra um jovem atleta revela-se afinal o contrário: um jogador de 16 anos do RD Águeda agrediu um dirigente adversário, perante dezenas de testemunhas.
O incidente, que deveria ter sido apenas o final de um jogo equilibrado e emotivo, terminou em cenas lamentáveis que mancham a imagem do futebol de formação, mas que agora parecem finalmente esclarecidas.

