A freguesia de Vilarinho do Bairro assiste ao nascimento de uma nova oferta desportiva: a Secção de Andebol da Associação Cultural e Recreativa de Vilarinho do Bairro, um projeto que começou numa sala de aula e ganhou força nos recreios escolares, até encontrar estrutura, apoio institucional e vontade comunitária para se tornar realidade. O Diário da Bairrada e a TVC acompanharam um dos primeiros treinos e reuniram os testemunhos de quem está por detrás desta iniciativa que promete marcar o desporto juvenil no concelho de Anadia.
Das aulas de Educação Física ao primeiro treino oficial
O treinador João Branco explica que o projeto surgiu de forma natural. Tudo começou quando introduziu o andebol nas aulas que leciona.
O entusiasmo das alunas cresceu de tal forma que passaram a praticar espontaneamente nos recreios. Quando terminou a unidade curricular dedicada à modalidade, foram as próprias crianças a lançar o desafio: queriam treinar, evoluir e formar uma equipa.
“Percebi que não era apenas entusiasmo momentâneo. Todos os dias as via jogar nos recreios. Quis perceber se havia motivação real e fui amadurecendo a ideia. Em janeiro, transmiti na escola primária um jogo do Mundial entre Portugal e Espanha. Para muitas, foi a primeira vez que viram andebol competitivo. A partir daí, a vontade ganhou ainda mais força.”
Um percurso de nove meses até encontrar uma casa
O processo não foi simples. João Branco contactou vários clubes e entidades desportivas, mas recebeu negativas ou ausência de resposta. A determinação, contudo, manteve-se.
“Chegámos a estar perto de integrar outra associação, mas, por falta de condições, não avançou. Continuámos à procura até que, em julho, a Associação Cultural e Recreativa de Vilarinho do Bairro mostrou total abertura para acolher o projeto.”
O apoio da Câmara Municipal de Anadia e da Associação de Andebol de Aveiro foi decisivo para o arranque oficial da nova secção.
Filosofia: um projeto social com o desporto como veículo
A secção nasce com um objetivo claro: formar equipas jovens de sub-8, sub-10 e sub-12. Mas, segundo o treinador, o foco vai muito além da competição.
“Queremos construir um projeto educativo e social. O resultado está sempre ao serviço da evolução das atletas — nunca como fim em si. Pretendemos criar um espaço de amizade, partilha, entreajuda e crescimento pessoal. Trabalhamos também estilos de vida saudáveis e acompanhamento emocional e social. Não é apenas andebol; é formação humana.”
A filosofia do projeto inspira-se nos valores da Carta Olímpica: respeito, lealdade, honestidade, espírito de equipa e superação.



Ambição para o futuro: 50 atletas e presença nacional
O treinador admite que não há ilusões: o contexto do andebol em Aveiro é dos mais competitivos do país, com clubes históricos e consolidados. Ainda assim, há metas definidas.
“A médio prazo — cinco anos — gostaria de ter um grupo de 50 atletas e de disputar pela primeira vez competições nacionais. Não queremos ‘ser’ um dos gigantes da região, mas queremos crescer de forma sustentável. Se conseguirmos uma geração que permita um apuramento nacional, não fechamos essa porta.”
O papel fundamental das famílias e da comunidade
A diretora da secção, Susana Ferreira, tem desempenhado um papel essencial na organização administrativa e financeira.
“Há um trabalho invisível, mas fundamental: reuniões, projeções financeiras, definição de orçamento. Queremos segurança e sustentabilidade para o futuro da secção.”
Quanto ao envolvimento das famílias, o balanço é muito positivo.
“Os pais que já acompanham os treinos ficam contentes com a dinâmica, com o ambiente e com a forma como as crianças se envolvem. Muitas vezes participam, o que reforça a motivação das atletas. A nível da freguesia, sentimos apoio generalizado. As pessoas querem que este projeto cresça e se afirme.”
Uma mais-valia para a freguesia e para as crianças
Susana Ferreira destaca ainda a importância desta nova oferta desportiva.
“Muitas crianças vivem hoje uma rotina muito sedentária. Aqui ganham movimento, energia, espírito de grupo. Para a freguesia, é mais uma oportunidade de participação comunitária e mais um motivo de orgulho.”
Convite à comunidade
O treinador deixa o apelo final:
“Os treinos decorrem às terças e sextas, às 18h00, para meninas dos 6 aos 12 anos. Já temos um pequeno grupo cheio de vontade. Quem quiser experimentar a melhor modalidade do mundo, basta aparecer.”
Susana Ferreira reforça a mensagem:
“Quem vem, gosta. O feedback tem sido esse: depois do primeiro treino, ninguém quer deixar de voltar. Apareçam, experimentem e tragam as crianças.”

