Hoje, a corporação dos Bombeiros Voluntários de Mira enfrenta uma crise interna sem precedentes, com mais de 70% do seu corpo ativo indisponível para realizar as escalas de incêndios e prestar assistência nas praias. A presidente da direção, Alda Leça, anunciou a sua demissão, afirmando que as atuais condições tornaram insustentável a continuidade na gestão da associação humanitária.
Em comunicado divulgado esta manhã na página oficial dos Bombeiros Voluntários de Mira no Facebook, o comando da corporação confirmou a existência de um conflito grave entre a maioria dos operacionais e a direção, conflito esse que se vem arrastando há vários meses e que recentemente atingiu um ponto crítico.
O comando descreveu a situação como um “braço de ferro” que, apesar de prejudicial para a imagem da associação, se tornou inevitável. Sem revelar pormenores específicos, o comando reconheceu que as divergências internas foram crescendo ao ponto de impedir um diálogo produtivo entre o corpo ativo e a direção, algo essencial para o bom funcionamento de qualquer quartel de bombeiros.
De acordo com o mesmo comunicado, 43 dos 59 bombeiros que compõem o corpo ativo da corporação manifestaram-se indisponíveis para integrar as escalas do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios, do Serviço de Praia e para outras atividades de prevenção e representação. Estes bombeiros comprometeram-se apenas a garantir os serviços mínimos obrigatórios, tanto no regime voluntário como no profissional.
A demissão da direção foi formalizada pela presidente Alda Leça às 15:00 de hoje, através de um comunicado onde afirmou que a decisão foi tomada após uma análise ponderada das condições atuais, que considera impossíveis para a continuação da gestão da associação. Leça destacou as dificuldades inerentes à administração de uma instituição com fracos apoios financeiros e relações interpessoais complicadas, mencionando que os problemas de gestão se devem, em grande parte, à resistência à mudança por parte de alguns membros da corporação.
A presidente referiu ainda que a direção se deparou com situações difíceis de ultrapassar, numa casa onde os funcionários, segundo ela, têm um papel dominante, dificultando a capacidade da direção de impor regras e gerir a instituição de forma eficaz.
Aldade Leça concluiu que a complexidade da gestão na corporação de Mira é tal que qualquer elemento externo terá dificuldades em assumir o controlo e implementar melhorias, sublinhando que a situação atual compromete a excelência e o compromisso que a direção pretendia garantir desde o início do seu mandato.