Não sou especialista em eletricidade, nem em sistemas de retoma energética, mas há algo que posso afirmar com convicção: durante o recente apagão de segunda-feira, o minimercado da minha terra fez toda a diferença. Enquanto supermercados de grandes cadeias encerravam portas, as bombas de combustível deixavam de funcionar e os telemóveis perdiam rede e bateria, aquele pequeno estabelecimento manteve-se aberto graças a um simples gerador. E foi esse gerador que garantiu o essencial à população local.
Esta situação veio mostrar, mais uma vez, que são os recursos locais, muitas vezes modestos, que asseguram a continuidade em tempos de crise. A presença de um gerador não é um luxo — é uma necessidade que pode fazer a diferença entre o caos e a estabilidade.
É por isso que a aquisição e distribuição de geradores deve passar a constar dos orçamentos das autarquias, com articulação com a Proteção Civil. Se as bombas de gasolina, os supermercados, os centros de saúde e outras entidades essenciais estivessem munidos de geradores, os efeitos do apagão teriam sido bastante mais reduzidos.
Em vários países, incluindo zonas de conflito como a Ucrânia, é prática comum distribuir não só geradores, mas também kits de emergência com lanternas, rádios a pilhas, powerbanks, cobertores térmicos e outros bens básicos. Portugal precisa de adoptar estas estratégias de forma séria e estruturada.
É claro que a resolução das falhas nacionais nos sistemas de fornecimento e reinício da eletricidade deve ser debatida e tratada com urgência. Mas a verdade é que, no terreno, a resposta imediata depende das autarquias e da capacidade de atuação local. Falo com conhecimento de causa, tendo desempenhado funções como Presidente de Junta — e sei bem o impacto que uma junta preparada pode ter em momentos críticos.
A mensagem é simples: preparar localmente é proteger nacionalmente. Geradores e kits de emergência devem deixar de ser exceção e passar a ser regra.
Paulo Freitas do Amaral
