Na noite de sexta-feira para sábado, a localidade de Fermentelos foi palco de um incidente que resultou em detenções e alegações de agressões por parte dos militares da GNR. O episódio começou por volta das 23h40, quando Daniel Neves não obedeceu a uma ordem de paragem da patrulha da GNR, conforme relatado pelo gabinete de comunicação da GNR, do posto territorial de Aveiro.
Segundo o gabinete de comunicação da GNR, do posto territorial de Aveiro, Daniel não obedeceu a uma ordem de paragem por parte da patrulha, o que iniciou uma perseguição até à sua residência. Durante este evento, o pai de Daniel terá vindo em seu auxílio, armado com uma catana, e ferido um dos militares da GNR. Em consequência, ambos foram detidos. Daniel foi libertado na mesma noite após receber cuidados médicos no Hospital de Águeda. O seu pai, por se tratar de um crime de tentativa de homicídio, foi entregue à Polícia Judiciária de Aveiro e aguarda ser presente a um juiz, o que deverá acontecer na próxima terça-feira para decidir as eventuais medidas de coação a serem aplicadas.
Daniel contou em detalhes o que ocorreu naquela noite. Segundo ele, após ter consumido algumas bebidas alcoólicas num café local, ele estava a caminho de sua casa quando a patrulha da GNR o abordou mas já parado na frente da residência.
Ao chegar em casa, Daniel foi abordado pelos militares da GNR, que entraram na residência sem permissão. Ele admite que, numa tentativa de cooperar, pediu apenas para se calçar antes de ser levado, mas afirma que os militares reagiram de forma agressiva. “Quando pedi para me calçar, fui imediatamente empurrado e começaram a bater-me. Eu estava descalço e só queria tirar os chinelos e colocar umas meias e uns sapatos antes de sair de casa”, relatou Daniel. Ele descreveu que foi algemado rapidamente, e mesmo depois de imobilizado, continuou a ser agredido.
Daniel detalhou que foi arrastado para fora de casa à força, onde a violência continuou. “Enquanto me levavam para fora, continuaram a dar-me socos e pontapés. Tentava proteger-me, mas estava algemado e não podia fazer muito. As agressões eram direcionadas principalmente para as minhas mãos, rosto e corpo”, afirmou.
“Ao chegarmos ao posto da GNR, pensei que finalmente tudo terminaria, mas foi o contrário. Fui espancado por vários militares, mesmo já estando algemado e sem oferecer qualquer resistência. Fui agredido com socos e pontapés, principalmente nas mãos e no rosto”, contou Daniel. Ele mencionou que os militares usaram linguagem abusiva, ameaçando-o constantemente.
Daniel afirmou que foi então levado ao Hospital de Águeda para tratamento dos ferimentos, onde o relatório médico documenta múltiplas feridas traumáticas e escoriações. “Depois de receber os cuidados médicos, pensei que seria o fim das agressões, mas ao voltar para o posto, fui novamente espancado. Os militares não mostraram qualquer compaixão, era como se quisessem me punir por algo que não fiz”, finalizou Daniel.
Bruno, proprietário de um café em Fermentelos, relatou que tais atos de violência são recorrentes, sempre pelos mesmos militares. Bruno afirmou que ele próprio já foi agredido anteriormente, sofrendo uma lesão na perna que exigiu um mês de tratamento, mas não apresentou queixa formal.
Os documentos hospitalares também incluem detalhes dos testes de alcoolemia e substâncias psicotrópicas realizados em Daniel. A taxa de alcoolemia registrada foi de 1,283 g/L. O relatório confirma que os cuidados médicos foram prestados e que Daniel foi posteriormente liberado.
Daniel deverá comparecer em tribunal na próxima terça-feira, onde conhecerá as acusações que lhe serão imputadas. Este incidente levanta sérias questões sobre a conduta dos militares da GNR envolvidos e promete desdobramentos significativos nas investigações.
O gabinete de comunicação da GNR de Aveiro informou que Daniel não obedeceu à ordem de paragem e que o incidente culminou com a detenção dele e do seu pai, por este, ter ferido um dos militares com uma “Catana”. A GNR afirma que todas as ações foram em resposta às agressões que sofreram durante a abordagem.
Este caso, que mistura desobediência, violência e alegações de abuso de poder, está sob os olhares atentos da comunidade e das autoridades competentes, que aguardam por justiça e esclarecimento dos fatos.
No vídeo anexado, Daniel dá seu testemunho sobre os acontecimentos, mencionando as agressões sofridas e a falta de justificativa para a violência empregada pelos militares. Bruno, dono do café, também aparece no vídeo, reforçando as alegações de comportamento abusivo por parte dos militares e a necessidade de uma investigação rigorosa para prevenir futuros abusos.
Este caso, envolto em controvérsia, destaca a necessidade de um exame cuidadoso das práticas de aplicação da lei e da proteção dos direitos dos cidadãos.