Portugal está de luto pela perda de Joana Marques Vidal, uma figura icônica no sistema judicial, que faleceu hoje aos 68 anos. Nascida em 31 de dezembro de 1955 em Santa Cruz, Coimbra, Joana Marques Vidal deixou um legado significativo como magistrada e Procuradora-Geral da República (PGR), sendo a primeira mulher a ocupar este cargo em Portugal.
Joana Marques Vidal formou-se em Direito pela Universidade de Lisboa em 1978, seguindo depois para cursos de pós-graduação em proteção de menores na Universidade de Coimbra e em jornalismo jurídico na Universidade Lusófona. Iniciou a sua carreira no Ministério Público em 1979, como delegada nos Açores, passando depois por várias comarcas como Vila Viçosa, Seixal e Cascais. Entre 1994 e 2002, coordenou os procuradores do Tribunal de Família de Lisboa, onde se destacou pela sua dedicação e eficácia na proteção dos direitos das crianças e das famílias.
Em 12 de outubro de 2012, Joana Marques Vidal foi nomeada Procuradora-Geral da República pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva, marcando a história como a primeira mulher a assumir este cargo em Portugal. Durante seu mandato, que durou até 2018, ela foi reconhecida pela sua determinação e compromisso com a justiça, enfrentando questões complexas como a corrupção, a criminalidade organizada e o tráfico de drogas.
Joana Marques Vidal implementou várias reformas e melhorou a eficácia do Ministério Público, promovendo uma cultura de transparência e responsabilidade. Defendeu a independência judicial e trabalhou incansavelmente para garantir que a justiça fosse acessível a todos os cidadãos. Mesmo após o término de seu mandato, ela continuou a servir como procuradora no Tribunal Constitucional até 2021, onde lidou com questões de constitucionalidade e fiscalização de financiamentos políticos.
Joana Marques Vidal nasceu numa família com fortes raízes na justiça e na magistratura. Ela era a filha mais velha de José Alberto de Almeida Marques Vidal, um juiz respeitado, e de Maria Joana Lobo de Portugal Sanches de Morais Ribeiro Raposo. O seu pai, José Marques Vidal, foi um destacado juiz e diretor da Polícia Judiciária, o que certamente influenciou o percurso profissional de Joana. A mãe de Joana também era proveniente de uma linhagem com tradição em serviços públicos e judiciais.
Joana era a mais velha de seis filhos e sempre demonstrou uma forte ligação à família. Teve um papel importante não apenas como profissional, mas também como mãe e esposa, equilibrando a sua vida pessoal com uma carreira exigente. Joana Marques Vidal casou-se e teve filhos, sendo conhecida por conseguir gerir as exigências da sua vida profissional com as responsabilidades familiares.
Além de sua carreira no Ministério Público, Joana Marques Vidal esteve ativamente envolvida em várias associações cívicas e de apoio às vítimas. Foi presidente da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) e participou de várias iniciativas para a proteção dos direitos das crianças e das famílias. Em reconhecimento ao seu trabalho, foi agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo em outubro de 2018.
A liderança de Joana Marques Vidal foi marcada pela sua capacidade de enfrentar desafios complexos com coragem e integridade. Ela promoveu uma visão de justiça que combinava rigor com compaixão, assegurando que o sistema judicial português se mantivesse robusto e justo. Sua abordagem direta e transparente para resolver problemas institucionais deixou uma marca indelével e inspirou futuras gerações de magistrados e advogados.
A morte de Joana Marques Vidal é uma perda profunda para Portugal, mas o seu legado perdurará. Ela será lembrada não só como a primeira mulher Procuradora-Geral da República, mas também como uma defensora incansável da justiça e dos direitos humanos. O seu trabalho inovador e dedicado continuará a influenciar o sistema judicial português e a inspirar muitos que trabalham na área da justiça.
Joana Marques Vidal deixa um exemplo poderoso de liderança, dedicação e serviço público, solidificando seu lugar na história como uma verdadeira pioneira e defensora da justiça.