A Comissão Europeia deu luz verde à utilização do pó de larvas inteiras de Tenebrio molitor, conhecido como larva-da-farinha, para integrar diversas categorias de alimentos consumidos no espaço europeu. Esta autorização, anunciada pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), é válida por cinco anos e reflete uma aposta crescente em soluções alimentares inovadoras e sustentáveis.
A decisão permite que este ingrediente seja utilizado em produtos como pães, queijos e derivados, compotas de fruta e produtos hortícolas, massas e alimentos à base de batata. O pó, tratado com radiação ultravioleta para garantir a sua segurança, foi aprovado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), após rigorosos testes que comprovaram a sua adequação para consumo humano.
Rotulagem obrigatória e precauções alérgicas
Apesar da sua entrada no mercado, a utilização do pó de larvas requer uma rotulagem específica. Os alimentos que contenham este ingrediente deverão informar os consumidores sobre a possibilidade de reações alérgicas, particularmente para pessoas com alergias a crustáceos, produtos à base de crustáceos e ácaros. Esta medida visa garantir a transparência e a segurança alimentar, protegendo os consumidores mais vulneráveis.
Exclusividade de mercado para a Nutri’Earth
A comercialização deste novo ingrediente ficará, inicialmente, limitada à empresa francesa Nutri’Earth, que detém a exclusividade para colocar o pó de larvas no mercado europeu. Este monopólio será válido até 2029, momento em que a Comissão Europeia reavaliará os seus impactos e determinará a possibilidade de alargar o acesso a outros operadores.
Um passo em direção à sustentabilidade
A aprovação do pó de larvas faz parte de uma estratégia europeia mais ampla para diversificar as fontes alimentares e promover práticas de produção mais sustentáveis. Os insetos, ricos em proteínas, são vistos como uma alternativa viável às fontes tradicionais de proteína animal, uma vez que requerem menos água, espaço e recursos para a sua produção, ao mesmo tempo que geram menos emissões de carbono.
Além do impacto ambiental positivo, o uso de insetos na alimentação humana tem sido apontado como uma solução para combater a insegurança alimentar global, uma vez que o seu cultivo é eficiente e altamente produtivo.
O futuro dos alimentos na Europa
A partir de 10 de fevereiro de 2025, data de entrada em vigor do regulamento, o pó de larvas poderá ser introduzido na produção de alimentos em toda a União Europeia. Apesar do seu potencial, a aceitação por parte dos consumidores será um dos desafios mais significativos. A Comissão Europeia aposta, no entanto, na sensibilização e na promoção de práticas alimentares sustentáveis como parte da transição ecológica.
Esta decisão marca um novo capítulo na alimentação no espaço europeu, trazendo alternativas inovadoras para os pratos dos consumidores e aproximando a Europa de um modelo alimentar mais sustentável e resiliente.