O 1.º de Maio, conhecido mundialmente como o Dia do Trabalhador, é muito mais do que um feriado no calendário. Trata-se de uma data com profundas raízes históricas, marcada por lutas sociais que moldaram os direitos laborais tal como os conhecemos hoje — lutas essas em que o movimento sindical teve, e continua a ter, um papel central.
A origem desta comemoração remonta ao ano de 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando milhares de trabalhadores, mobilizados por sindicatos e associações operárias, organizaram uma greve geral para exigir a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.
A repressão violenta por parte das autoridades culminou na chamada Revolta de Haymarket, onde vários manifestantes e polícias perderam a vida. Em memória dos chamados “Mártires de Chicago”, a Internacional Socialista, fortemente influenciada por movimentos sindicais europeus, declarou em 1889 o dia 1 de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
Ao longo do século XX, o movimento sindical foi protagonista nas principais conquistas laborais: desde o estabelecimento da jornada de trabalho limitada, ao direito a férias pagas, à proteção no desemprego e à criação de sistemas de segurança social. Em Portugal, os sindicatos foram também fundamentais na resistência ao regime ditatorial do Estado Novo e na construção da democracia após o 25 de Abril.
Hoje, continuam a ser uma voz ativa na defesa dos trabalhadores, promovendo negociações coletivas, organizando manifestações e exigindo políticas públicas que garantam condições de trabalho dignas. Mesmo com a fragmentação do mundo laboral moderno, os sindicatos mantêm-se como estruturas essenciais para dar voz aos que, individualmente, têm pouca força negocial.
Neste contexto, merece particular destaque a UGT – União Geral de Trabalhadores, uma das mais representativas centrais sindicais portuguesas. Desde a sua fundação, a UGT tem desempenhado um papel determinante na construção de um sindicalismo moderno, responsável e comprometido com os valores da democracia, da justiça social e do progresso económico.
Com uma postura firme, mas dialogante, a UGT tem sido protagonista nos principais avanços das últimas décadas, intervindo ativamente na concertação social, na elaboração de políticas públicas e na defesa dos direitos dos trabalhadores em todos os setores de atividade.

A sua intervenção tem sido essencial na resposta a novos desafios, como a precariedade, o teletrabalho, o trabalho em plataformas digitais e as transformações trazidas pela digitalização e pela inteligência artificial. A UGT tem procurado ampliar o seu alcance, inovando na forma de representar os trabalhadores e reafirmando diariamente o seu compromisso com o trabalho digno, com a equidade e com a coesão social.
Apesar dos avanços, os trabalhadores enfrentam novos e complexos desafios: precariedade, estagnação salarial, desigualdade de género e insegurança laboral provocada pela automação e pela digitalização. O papel dos sindicatos é hoje desafiado a adaptar-se a novas realidades, como os trabalhadores independentes, das plataformas digitais e do teletrabalho, buscando novas formas de representação e intervenção.
O 1.º de Maio continua, por isso, a ser um dia de mobilização, onde os sindicatos se juntam a movimentos sociais para lembrar que os direitos laborais devem ser constantemente defendidos e renovados.
Celebrar o 1.º de Maio é reconhecer o caminho feito pelas mãos de milhões de trabalhadores, organizados e mobilizados, muitas vezes sob bandeiras sindicais. É também reafirmar a importância de continuar a lutar por um trabalho com dignidade, equidade e segurança.
O movimento sindical, com destaque para a ação determinada e construtiva da UGT, apesar das mudanças nos modelos laborais, mantém-se como uma ferramenta indispensável para garantir esses objetivos — ontem, hoje e no futuro.
E mais não digo…