O Parque Alta Vila, um dos principais espaços verdes e patrimoniais de Águeda.
Originalmente criado no século XIX como propriedade privada, o parque foi idealizado pelo médico Eduardo Caldeira como uma quinta ajardinada em estilo romântico-pitoresco, seguindo a moda europeia da época.
Concebido para encantar visitantes com cenários de inspiração medieval e naturalista, o Parque Alta Vila foi planeado como um espaço de passeio e contemplação, longe dos jardins formais e geométricos. No seu interior, surgiram elementos cenográficos como ruínas falsas, guaritas e muralhas decorativas, ao lado de lagos artificiais com pontes, grutas, um chalé de habitação, capela, coreto e pavilhão de caça. Estes recursos pretendiam sugerir uma paisagem de conto de fadas, transportando o visitante para um passado imaginado e romântico.
A vegetação inclui cedros, sequóias, bambus, castanheiros e outras espécies autóctones e exóticas, criando um ambiente paisagístico de grande valor. A vegetação sempre foi um dos seus ex-líbris, misturando espécies exóticas como cedros e sequóias com árvores autóctones como castanheiros e carvalhos, além de arbustos ornamentais como camélias ou rododendros.
Em janeiro de 2013, um temporal devastador abateu mais de 200 árvores, destruiu pontes, caminhos e vários elementos emblemáticos do parque, obrigando ao encerramento por motivos de segurança. Durante anos, Alta Vila permaneceu parcialmente inacessível, simbolizando também a fragilidade do património histórico perante os fenómenos extremos.
Face a este cenário, a Câmara Municipal de Águeda avançou com um plano de requalificação profundo. Com um investimento de cerca de 1,16 milhões de euros, cofinanciado por fundos europeus, o parque ganhou uma nova cara entre 2019 e 2020. Foram reconstruídos trilhos e pontes, restaurados o coreto e a capela, reabilitadas zonas degradadas e instalada iluminação inteligente. O projeto incluiu também a plantação de mais de 250 árvores e quase 500 arbustos, recriando o carácter botânico do parque e reforçando o seu papel como pulmão verde da cidade.
Entre as novidades está a escultura “Raiz com Alma”, criada por Paulo Neves a partir do tronco de um dos grandes cedros derrubados pela tempestade. A obra tornou-se símbolo da resiliência do parque, celebrando a memória das árvores perdidas e a capacidade de renascimento do local.
Hoje, o Parque Alta Vila é um espaço renovado e aberto à comunidade, convidando à prática desportiva, passeios em família, piqueniques, atividades culturais ou educativas e turismo urbano. A sua recuperação preservou o carácter romântico original, ao mesmo tempo que o adaptou a novas exigências de acessibilidade e sustentabilidade.
É também um exemplo raro de jardim romântico no distrito de Aveiro, aproximando-se, na sua escala mais íntima, de modelos consagrados como o Parque da Pena ou Monserrate, em Sintra. A Câmara Municipal de Águeda ambiciona que o parque seja um cartão de visita para visitantes e um motivo de orgulho para os aguedenses, demonstrando como o património histórico e natural pode ser protegido, recuperado e vivido no presente.
Até ao momento, o Parque de Alta Vila, em Águeda, não recebeu prémios formais ou reconhecimentos institucionais específicos. Contudo, a sua requalificação e preservação têm sido amplamente valorizadas pela comunidade local e pelas autoridades municipais. A intervenção, concluída em 2020 com um investimento de cerca de 1,16 milhões de euros, foi orientada por um princípio de respeito por todas as pré-existências, construídas e vegetais, e implementou benefícios significativos ao nível da conservação do solo e da água e da recuperação do conjunto histórico, como a capela ou o coreto.
Além disso, o parque tem sido palco de diversas iniciativas culturais e educativas, como o “Roteiro pela Sustentabilidade”, promovido pela Câmara Municipal de Águeda, que reuniu cerca de 120 alunos do 2.º ano das Escolas Básicas de Águeda e de Macinhata do Vouga para atividades relacionadas com a biodiversidade, o ciclo da água e a gestão de resíduos.
Embora não tenha recebido prémios formais, a recuperação e valorização do Parque de Alta Vila têm sido reconhecidas como um exemplo de boa prática na preservação do património natural e cultural, contribuindo para a qualidade de vida da população e para o desenvolvimento sustentável da cidade.
